As indústrias de base florestal geram quantidade significativa de resíduos, que em alguns casos, estão sendo processados por pirólise rápida e transformados em bio-óleo. Este é o caso dos resíduos gerados no pré-consumo (colheitas), como cascas, galhos e folhas, cujo bio-óleo é atualmente utilizado como combustível de caldeiras em países de clima frio para fins de aquecimento. Por outro lado, o bio-óleo de material lignocelulósico apresenta enorme potencial para ser transformado em combustível sustentável de aviação (SAF, Sustainable Aviation Fuel), o que pode ser feito através da coalimentação de bio-óleo e hidrogênio em um reator pressurizado na presença de um catalisador sólido, processo denominado hidrodesoxigenação (HDO).
O processo HDO é empregado para, dentre outras finalidades, remover as insaturações e a oxigenação das espécies orgânicas, acarretando, por exemplo, no aumento do poder calorífico e na diminuição da viscosidade e teor de água. O SAF produzido desta forma é denominado SPK-HEFA, ou seja, querosene parafínico sintético (SPK, Synthetic Paraffinic Kerosene) obtido de ésteres e ácidos graxos hidroprocessados (HEFA, Hydroprocessed Esters and Fatty Acids). A utilização de SPK-HEFA em aviação a jato civil foi recentemente regulamentada pela ANP (Resolução Nº 856, de 22/10/2021), estipulando composição e propriedades físico-químicas do combustível sintético, assim como a proporção de mistura (até 50% em volume) com os querosenes fósseis tradicionais (JET A e JET A-1). O sucesso da pesquisa pode contribuir para agregar valor ao bio-óleo de material lignocelulósico, gerando empregos devido à abertura de uma nova linha de processo, além de substituir parcialmente a utilização de combustíveis fósseis por combustíveis oriundos de fontes renováveis.
Processo de Inexigibilidade de Chamada Pública (PI) 13/2022 da Fundação Araucária
